Foto Eduardo Tropia - Fórum das Letras 2010
Estive com Ferreira Gullar duas vezes.
Na primeira vez, com data e hora marcada, em seu apartamento em Copacabana - numa manhã de verão carioca - encontrei-o assistindo os jogos olímpicos de inverno celebrados em Turim. Falamos das obras de Monet, Dalí, Matisse e Picasso recém roubadas no Museu Chácara do Céu. No passeio pelo apartamento vi um "Calder", trabalhado pelo próprio poeta e um antigo retrato feito por Carlos Bracher. A conversa, naturalmente, seguiu sobre Ouro Preto...
Na segunda vez, escrevi:
duvivier
de dentro do apartamento
(invadido pelo sol
de fevereiro)
10 anos se passaram
novamente
encontrei-o
(à pouco
em março de 2012)
correndo
esvoaçante em seus cabelos
(conforme disse uma vez)
em direção ao táxi - de onde se via e ouvia
claudia ahimsa
desconhecida pessoa (e poetisa)
fevereiro termina amanhã
numa segunda-feira de contínuo trabalho
as nuances de azul
no entanto
se alteram
(mas a chama é a mesma!)