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Neste ano o Fórum das Letras debaterá o mote “Escritas em Transe”, relacionado aos 50 anos do Golpe Militar, e contará com a presença de autores ligados ao universo político dentro e fora do Brasil. Um deles será o dramaturgo, poeta e romancista Koulsy Lamko. A segunda confirmação é o poeta persa Mohsen Emadi, membro do Movimento Verde iraniano, constituído a partir dos protestos contra os resultados das eleições presidenciais de 2009 no país. O encontro literário é gratuito e acontecerá entre os dias 29 de outubro e 2 de novembro, em Ouro Preto.
Aproveitando a experiência como editora na Record, Guiomar de Grammont, coordenadora do Fórum das Letras, deu início ao projeto de tradução e edição de parte da obra dos escritores. O conteúdo será lançado em e-book, para que possa ser lido no evento.
Um pouco sobre os convidados
Koulsy Lamko nasceu em Dadouar, na África e, além de escritor, é agente cultural e ator. PhD em Artes, Língua Francesa e Literatura, é vencedor de diversos prêmios, em especial por suas curtas narrativas. Como dramaturgo, já teve trabalhos encenados por companhias da África, Europa e Canadá. Koulsy Lamko fundou e dirigiu o Centro de Artes e Teatro da Universidade Nacional de Ruanda, onde lecionou Teatro e Escrita Criativa. Entre suas obras mais importantes, é possível mencionar Les racines du Yucca, sobre os exilados guatemaltecos no México, e La phalène des collines, um conto alegórico sobre o genocídio do Ruanda. Atualmente, vive na Cidade do México, onde é diretor geral da Associação Hankili so Africa A.C., cujo objetivo é acolher escritores e artistas refugiados da África no México.
Nascido em Sari, no Irã, Mohsen Emadi vem enfrentando o regime teocrático e totalitário instaurado no Irã com ensaios políticos e entrevistas de grande repercussão na imprensa persa e espanhola. O convidado é considerado discípulo e seguidor de outro importante poeta e escritor iraniano, Ahmad Shamlou (1925- 2000), uma das principais figuras da poesia e da intelectualidade iraniana, cujos trabalhos foram proibidos durante 16 anos pela República Islâmica. Entre os diversos prêmios já recebidos por Emadi, está o Prêmio Internacional Poesía de Miedo, conferido por La Casa del Poeta da España. Ambos os convidados virão ao Brasil com apoio do ICORN (International Cities of Refuge Network) de Stanvanger, na Noruega, que acolhe e protege escritores perseguidos em seus países de origem.
O Fórum também já deu início à confirmação dos convidados nacionais: Paulo Markun, Ricardo Kotscho e Zuenir Ventura, três dos principais nomes do Jornalismo nacional. Eles estarão presentes no Ciclo Jornalismo e Literatura, tradicional ponto de encontro de estudantes, jornalistas, professores e interessados no tema de forma geral.
Paulo Markun lançará, durante o evento, seu mais novo livro, Brado Retumbante. A obra registra a luta pela democracia no Brasil, entre o golpe de 1964 e a campanha das Diretas, em dois volumes de mais de 400 páginas. Markun também apresentará, durante o Fórum, seu programa Retrovisor, projeto que entrevista, "ao vivo", personagens da história do Brasil, interpretados por atores, numa simulação que frequenta a fronteira entre o jornalismo, o teatro e a história. O episódio filmado em Ouro Preto será dedicado a Claudio Manoel da Costa, que será interpretado pelo ator Luís Mármora.
Ricardo Kotscho é paulista e iniciou sua carreira no jornalismo, precocemente, aos 16 anos. Entre seus principais livros publicados está Serra Pelada: uma ferida aberta na selva. Kotscho também sofreu com o militarismo brasileiro e, entre 1977 e 1978, viu-se obrigado a tornar-se correspondente internacional da Alemanha, o que lhe rendeu grandes experiências.Atualmente é comentarista do Jornal da Record News e repórter especial da revista Brasileiros.
Mineiro de Além Paraíba, Zuenir Ventura foi preso durante a ditadura militar no Brasil e escreveu o livro 1968, O ano que não terminou, que se tornou um best-seller e serviu de inspiração para a minissérie televisiva Anos Rebeldes, exibida pela Rede Globo. Além de jornalista, roteirista e escritor premiado, Ventura é, atualmente, colunista do Jornal O Globo.
O Fórum das Letras de Ouro Preto é uma realização da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), com patrocínio da Cemig, Correios e Petrobras.