Construção iniciada em 1766, pela Ordem Terceira de São Francisco de Assis - a primeira ordem terceira criada em Ouro Preto, que remonta a 1745. Obra-prima de Antônio Francisco Lisboa, que assina o projeto e o risco da portada. No teto da nave central pinturas do mestre Manuel da Costa Ataíde, representando a glorificação de Nossa Senhora. Destaque para o coroamento da porta principal, escultura em pedra-sabão e, na sacristia, o lavabo, ambos esculpidos por Aleijadinho.
A Igreja São Francisco de Assis foi um dos primeiros bens tombados individualmente em Ouro Preto, em âmbito Nacional em 1938. O tapa-vento foi executado por Manoel Gonçalves em 1806, e as portas principais e laterais, por Lucas Evangelista de Jesus. Datam de 1826 os ladrilhos dos corredores, e os altares laterais foram confeccionados entre 1829 e 1890. (Guia Cultural Trem da Vale, 2a Edição)
Em 2009 foi eleita uma das 7 Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo, em concurso realizado com objetivo de divulgar o legado da Expansão Portuguesa no Mundo.
Irmandade
A Ordem Terceira da Penitência de São Francisco de Assis
A Ordem Terceira da Penitência foi a primeira associação criada em Vila Rica com este estatuto. Fundada em 1221, para que os leigos pudessem professar sua fé franciscana, foi aprovada pelo papa Nicolau IV em 1289. No Brasil, foi fundada em 1745 por Frei Antônio da Conceição, que respondendo aos pedidos dos imigrantes devotos de São Francisco residentes em Vila Rica, aprovou a instalação da irmandade nesta região, a cargo de Frei Antônio de Santa Maria.[1]
A Ordem Terceira da Penitência de São Francisco era constituída essencialmente por homens brancos, sendo impedidos de ingressar na congregação aqueles que não apresentassem “limpeza de sangue” ou mesmo que estivessem ligados pelo casamento a alguém que não o possuíse. Tal exigência se mostrou bastante rígida durante longos anos na história da Ordem, porém, com o tempo, a entrada de homens de cor passou a ser permitida. Congregava, em sua maioria, os intelectuais da região.
Seu primeiro Compromisso foi submetido à aprovação pela Casa Capitular de Santo Antônio no Rio de Janeiro, em 1756, porém, a Ordem já havia iniciado suas atividades, a primeira lista de irmãos professos é de 1746 e a primeira mesa administrativa foi eleita em 1751. A aprovação dos Estatutos veio de Madrid em 1761, a da Santa Sé foi obtida anteriormente, em 1760.[2]
A construção de seu templo foi iniciada por volta de 1765, em local próximo à capela de Bom Jesus dos Perdões (hoje Mercês e Perdões), levada a cargo por Aleijadinho e Manuel da Costa Athaíde. As obras só foram concluídas em 1806, e muitos detalhes só encontraram finalização em meados do século XIX.
O inconfidente Cláudio Manoel da Costa foi contratado em 1771 como sua defensor em quaisquer questões jurídicas que se apresentassem, e elas houveram aos montes. A ordem franciscana foi, sem dúvida, a mais belicosa corporação religiosa das Minas Gerais (...) Sua primeira peleja, aliás internacional, versou em torno da aprovação dos estatutos, os quais foram copiados dos franciscanos cariocas. Como estes não tinham obtido aprovação, os de Vila Rica também não o conseguiram. A Ordem apela então para Juan de Molina em Madrid e derrota a provincial do Rio, conseguindo a aprovação na Espanha.
As lutas continuam por dezenas de anos, contra ricos e pobres. Batalhou a S. Francisco contra a Ordem Terceira do Carmo, contra a Arquiconfraria dos Pardos do Cordão, contra provinciais e contra herdeiros ou testamenteiros de oficial que trabalhou longamente nas obras da igreja e, ainda, contra o Bispo de Mariana.[3]
Constam em seus estatutos a diretriz de se realizar rituais de Penitência durante a quaresma, bem como confissão e comunhão na quinta-feira santa e no dia de São Francisco de Assis, além da procissão da Penitência em quarta-feira de cinzas, o que se fazia com aparato e solenidade singulares: durante anos a Ordem chegou a empregar quatro coros que tocavam e cantavam durante a procissão e ao seu término, e em alguns casos tais coros não eram constituídos apenas por cantores, mas também por instrumentistas. Entre 1756 e 1759, cinco coros tomavam parte no ritual.[4]
[1] SALLES, Fritz Teixeira de. Vila Rica do Pilar. Belo Horizonte: Editora Itatiais, São Paulo: Editora da
Universidade de São Paulo, 1982. p. 122
[2] MENEZES, Joaquim Furtado de. Igrejas e Irmandades de Ouro Preto. Belo Horizonte: IEPHA 1975. p.98
[3] SALLES, Fritz Teixeira de. Vila Rica do Pilar. Belo Horizonte: Editora Itatiaia, São Paulo: Editora da
Universidade de São Paulo, 1982. p. 123-24
[4] LANGE, Francisco Curt. História da Música nas Irmandades de Vila Rica: Freguesia de Nossa Senhora da
Conceição de Antônio Dias. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1981. vol.5 p.198
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